domingo, 29 de abril de 2012

Liberdade? Mas qual?


Não, este não é um texto sobre o 25 de Abril, nem sobre a forma como os nossos governantes nos estão a tirar a dita cuja. Também podia ser, mas hoje é Domingo, por amor de Deus... Deixemos essa conta para outro rosário.

Ontem tive o prazer de ouvir alguém falar sobre o conceito "lean thinking" (= pensar magro). Confesso que o conceito não me é completamente novo, nem tão pouco foi ontem que aprendi a gostar desta filosofia. De forma rápida, e explicando-como-se-fossem-todos-muito-burros (que evidentemente não são) este conceito argumenta que uma empresa deve ser magra, deve ser o menos comprometida possível quando não necessita de o ser - isto é, deve evitar ao máximo os custos fixos e os desperdícios, de forma a que consiga ser magra o suficiente para estar livre de "gorduras" inúteis; e deve ser ágil o suficiente para mudar o rumo dos acontecimentos num curto espaço de tempo se assim pretender ou for obrigada.

De qualquer forma, dei por mim no meu caminho de volta a pensar no quanto esta filosofia se aplica ou se poderia aplicar também a vidas pessoais. E no quanto os compromissos, ou pessoas, ou bens materiais nos tolhem os movimentos e nos amarram à cerca. Atire a primeira pedra quem nunca pensou "qualquer dia mando isto tudo para o caralho e vou-me embora". E insisto com outra retórica: quem nunca encontrou logo a seguir um grande, imponente "MAS" como obstáculo, nesse curto caminho? 

Entre os muitos que vamos sendo, julgo que escasseia ou falta a pessoa que pode dar-se ao luxo de mudar de vida de hoje para amanhã. Porque todos têm um emprego que não pode "abandonar assim", ou um empréstimo de um carro do qual não se pode "desistir assim", ou uma casa que não podem "vender assim", ou simplesmente alguém que não podem largar "assim" nem de outra forma qualquer. No fundo estamos presos - presos a uma realidade virtual  na qual entramos de livre espontânea vontade. A pura sensação de liberdade e livre-arbítrio que possamos de longe a longe eventualmente sentir não é senão uma utopia. Não nos vemos entrar e só reparamos quando já lá estamos; e o pior é que quase sempre não há breadcrumbs para nos levar de volta. 

Haverá liberdade mais pura do que a dos "magros", os tais pobres que nada têm, do desimpedido, do que pode simplesmente ir porque lhe apetece ir, o fazer apenas porque quer fazer? Seremos realmente, e em termos lógicos, donos da nossa própria liberdade? Ou apenas cachorrinhos agarrados à cerca, com o mundo à vista mas fora de alcance?

domingo, 22 de abril de 2012

Saxofones no Upper West Side, NYC


"As we were walking by, Mickey asked these two kids (strangers) if they'd play us a song...wait till you see what happens in the end. Turns out their names are Eddie Barbash and Jesse Scheinin--They're both geniuses and now were friends. Upper West Side, Manhattan. New York City. First day of spring. 2009."


Se há no mundo um sítio encantado onde estas coisas acontecem mais frequentemente, é em NYC. Mas quero acreditar que isto pode acontecer em qualquer sítio do mundo, seja ele uma pequena vila ou uma grande cidade, quando as barreiras sociais e a timidez se quebrarem da forma que se quebram em NYC. Uma questão de mentalidades.

sábado, 21 de abril de 2012

Calma... Ainda estou cá eu!


Cristiano Ronaldo. Seguramente, não é o melhor jogador do mundo, pelo menos não na minha modesta opinião. Mas é definitivamente um dos jogadores, de entre todos que vi, que melhor maximizou o seu potencial. Se dá para fazer, Ronaldo tenta, tenta até conseguir. Tentou em Manchester quando todos pensaram que não era capaz, e conseguiu. Tentou em Madrid, quando parecia impossível, e conseguiu.  Superar Messi é tarefa hercúlea, a roçar o impossível até. Talvez Ronaldo nunca consiga, é provável que assim aconteça. Mas tenho a certeza que no final da sua carreira, em todas as noites do resto da sua vida se deitará de consciência tranquila, com a paz de quem fez tudo o que podia para lá chegar. É um exemplo de determinação, de persistência e de trabalho. 

Hoje foi rei em plena casa do arqui-rival, levando o Real Madrid a uma vitória que vale mais do que três pontos - vale o orgulho, a fé e o grito de revolta de um clube que sabe pertencer ao topo mais alto da tabela. E disse a todos os que quiseram ouvir: "Calma... Calma que ainda estou cá eu! Calma!". E este gesto diz tudo, tudo sobre o jogo, sobre o campeonato, e principalmente tudo sobre a carreira de Ronaldo e o sonho de voltar a ser Bola de Ouro. Oxalá consiga. É fibra da nossa fibra, sangue do nosso sangue, nervo do nosso nervo. Se dá para fazer... Ronaldo fará. Ou pelo menos tentará, até que as pernas lhe falhem.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Já volto!


Vou só ali ganhar uns trocos no jogo ilegal. Pode ser?

quinta-feira, 19 de abril de 2012

De Sarkozy e o 'caso Patek'

Place de la Concorde, Paris. Sarkozy discursa. De expressão honesta, balbucia mais 3 ou 4 tretas antes de terminar o discurso. Algo sobre heróis franceses, e a forma como a França se irá tornar uma referência em termos de taxação fiscal, e sobre solidariedade, e sobre cooperação com todos os países do mundo. Demagogia, em dose de cavalo. O público, esse delira. Sarkozy acena, sorridente! Decide descer e cumprimentar em mão o seu público. Um, dois, três, quatro cumprimentos, cinco, seis, e 'hey!, que merda é esta, foda-se!!' - diz para si o presidente, incrédulo! Alguém lhe puxou o relógio enquanto cumprimentava a multidão... No pulso, traz um Patek Philippe avaliado em 50 mil euros, ouro branco, oferecido por sua querida esposa Carla Bruni. Com cara de poucos amigos, Sarkozy tira discretamente o relógio e deposita-o no seu bolso direito.

E pronto, nisto cai-lhe o mundo em cima. Não na mesma hora, mas durante o dia de hoje, em que a televisão mostrou imagens reveladoras do acontecimento. Porque é uma atitude snob, e porque não confia na bondade das pessoas, e porque acha que é bom demais para expôr o seu relógio à raia miúda. Sempre dentro deste tom, uma torrente de críticas por essa web fora. Ora bem, portanto recapitulemos: o admissível, expectável ou até - já agora - exigível a Sarkozy seria que portanto continuasse a usar o seu relógio de colecção, com todo o respeito e confiança na multidão, só para o caso de mais um ou outro meliante lhe achar um piadão e conseguir, caso assim decida, levá-lo consigo para um passeio. Mas porque não? Afinal, no bolso dos outros qualquer um manda e comanda, não custa nada... Que mal traria ao mundo que o presidente francês ficasse sem um relógio de tal valor? Não ia doer a ninguém, certo? Então vamos lá armar-nos um bocadito ao pingarelho moralista e crente na humanidade, que fica sempre bem com a decoração.

É bizarra a forma como a imprensa e a opinião pública conseguem ser hipócritas quando vêm a mais pequena, ligeira e ínfima possibilidade de fazer sangue. Incrível. Quase, quase tão incrível como o Patek do Sr. Sarkozy. Quaaaaaaase.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O que tem, o que é que a Gaga tem?



Impacto. Basicamente, impacto. Mas como se consegue construir uma carreira na música pop sem ter sequer atributos musicais para isso? É assim tão fácil? Não, não é fácil, mas é simples. 

A música pop vive de choque, de impacto. E se e se há coisa que a extravagante cantora consegue é definitivamente chocar. Ora pelo diz-que-disse sobre ser ou não hermafrodita, até ao guarda-roupa no mínimo peculiar, passando pelos arrufos públicos com a agora anafada Aguilera e o apoio à comunidade gay, esta senhora sabe manter o seu nome nas capas dos media. Nem todos o sabem fazer, nem todos conseguem reinventar-se. Assim de cabeça, onde anda o afortunado gangsta, 50 Cent? E a boa velha Britney, que ainda há pouco vi a suar as estopinhas pelos palcos, olhem que belo exemplo! É do senso comum que a fama é abrupta e efémera, mas quando estamos a falar da música pop... Multipliquem por 10. Só os mais fortes sobrevivem.

Mas será apenas isto? Será que basta chocar para levar uma carreira na música? Não, ou pelo menos não neste caso. Gaga tem uma coisa que faz dela especial: o facto de dar aos seus fãs a mesma dedicação que estes lhe dão, de todas a maneiras e feitios. Vive para os fãs, e com os fãs.

  1. Dá notícias. Não se permite cair no esquecimento. 
  2. Faz com que cada concerto seja uma garantia de histórias novas para contar - toda a gente que lá vai, terá pelo menos um bom par de histórias para contar no intervalo da manhã na empresa ou na escola: "Sim, eu estive lá. Eu vi, ela fez isso, e acredita em mim, ninguém esperava mas ela fez!". Mais do que uma interpretação musical, um concerto dela é uma exibição de bizarrices e irreverências, um autêntico rebuçado para os comilões da pop. 
  3. Nunca, mas mesmo nunca, Gaga ignora ou maltrata um fã. Pelo contrário, é comum vê-la agradecer-lhes por tudo o que lhe proporcionaram os seus "my little monsters", uma alcunha que pode até causar diabetes de tão docinha que é, mas que já vale uma homenagem em forma de tatuagem no corpo da cantora. 
  4. She is one of us. Aliando-se a causas que muito dizem aos jovens, a berrante norte-americana ganhou a admiração dos nichos, das minorias, que vêm nela a representação da sua cor entre o cintilante cardume de peixes cinzentos de Hollywood. Desde admitir publicamente que foi vítima de bullying e que provocava o vómito, até à ligação muito forte ao movimento LGBT (confessou já a sua bissexualidade), Lady Gaga é um ícone. De corpo e alma.

Quero com isto e após isto, dizer honestamente que a admiro. Não musicalmente - de todo, mas pela poderosa arma de marketing em que se fez tornar. Que o diga Madonna, regressada das trevas - de onde, avaliando pelas vendas do último álbum, nunca deveria ter sequer voltado - não haja dúvidas, Gaga é a rainha da pop. Não tem a voz, nem... Bem... Os atributos visuais da Beyoncé, mas é um peixe que nada contra a corrente. Como foram um dia Bowie e Mercury, que por acaso até sabiam cantar. E como foi um dia Madonna, que também não sabia cantar mas fez tudo isto num a sociedade de mentalidade muito mais verde e mais fácil de chocar. E já que estamos numa de ascendência e descendência, veja-se a colorida Nicki Minaj... Quase faz lembrar alguém, não acham?

domingo, 15 de abril de 2012

"Nothing lasts forever"




... Nem sequer o meu hiato. A máxima é cliché, mas cai que nem uma luva. O que queremos hoje, amanhã deixa de fazer qualquer sentido, e depois de amanhã já volta a fazer todo o sentido. Sem arrependimentos, porque o que fizemos é reflexo de uma opção que um dia nos pareceu o caminho certo a seguir, mesmo que agora olhemos para trás e 'pfft, bela merda'. 

Estou de volta com o blog, exactamente pela mesma razão que o comecei - a vontade de escrever, de deitar cá para fora, de transportar para texto aquilo que vos diria numa conversa de um destes dias, entre um café e dois cigarros. Por isso vão aparecendo, porque como é certo e sabido, um café e um cigarro são sempre bem-vindos - independentemente da hora e do dia. E as opiniões, essas, quero sempre ler. Concordem ou não concordem, construtivas ou destrutivas, sérias ou descontraídas. Venham daí, make yourselves at home!