segunda-feira, 16 de abril de 2012

O que tem, o que é que a Gaga tem?



Impacto. Basicamente, impacto. Mas como se consegue construir uma carreira na música pop sem ter sequer atributos musicais para isso? É assim tão fácil? Não, não é fácil, mas é simples. 

A música pop vive de choque, de impacto. E se e se há coisa que a extravagante cantora consegue é definitivamente chocar. Ora pelo diz-que-disse sobre ser ou não hermafrodita, até ao guarda-roupa no mínimo peculiar, passando pelos arrufos públicos com a agora anafada Aguilera e o apoio à comunidade gay, esta senhora sabe manter o seu nome nas capas dos media. Nem todos o sabem fazer, nem todos conseguem reinventar-se. Assim de cabeça, onde anda o afortunado gangsta, 50 Cent? E a boa velha Britney, que ainda há pouco vi a suar as estopinhas pelos palcos, olhem que belo exemplo! É do senso comum que a fama é abrupta e efémera, mas quando estamos a falar da música pop... Multipliquem por 10. Só os mais fortes sobrevivem.

Mas será apenas isto? Será que basta chocar para levar uma carreira na música? Não, ou pelo menos não neste caso. Gaga tem uma coisa que faz dela especial: o facto de dar aos seus fãs a mesma dedicação que estes lhe dão, de todas a maneiras e feitios. Vive para os fãs, e com os fãs.

  1. Dá notícias. Não se permite cair no esquecimento. 
  2. Faz com que cada concerto seja uma garantia de histórias novas para contar - toda a gente que lá vai, terá pelo menos um bom par de histórias para contar no intervalo da manhã na empresa ou na escola: "Sim, eu estive lá. Eu vi, ela fez isso, e acredita em mim, ninguém esperava mas ela fez!". Mais do que uma interpretação musical, um concerto dela é uma exibição de bizarrices e irreverências, um autêntico rebuçado para os comilões da pop. 
  3. Nunca, mas mesmo nunca, Gaga ignora ou maltrata um fã. Pelo contrário, é comum vê-la agradecer-lhes por tudo o que lhe proporcionaram os seus "my little monsters", uma alcunha que pode até causar diabetes de tão docinha que é, mas que já vale uma homenagem em forma de tatuagem no corpo da cantora. 
  4. She is one of us. Aliando-se a causas que muito dizem aos jovens, a berrante norte-americana ganhou a admiração dos nichos, das minorias, que vêm nela a representação da sua cor entre o cintilante cardume de peixes cinzentos de Hollywood. Desde admitir publicamente que foi vítima de bullying e que provocava o vómito, até à ligação muito forte ao movimento LGBT (confessou já a sua bissexualidade), Lady Gaga é um ícone. De corpo e alma.

Quero com isto e após isto, dizer honestamente que a admiro. Não musicalmente - de todo, mas pela poderosa arma de marketing em que se fez tornar. Que o diga Madonna, regressada das trevas - de onde, avaliando pelas vendas do último álbum, nunca deveria ter sequer voltado - não haja dúvidas, Gaga é a rainha da pop. Não tem a voz, nem... Bem... Os atributos visuais da Beyoncé, mas é um peixe que nada contra a corrente. Como foram um dia Bowie e Mercury, que por acaso até sabiam cantar. E como foi um dia Madonna, que também não sabia cantar mas fez tudo isto num a sociedade de mentalidade muito mais verde e mais fácil de chocar. E já que estamos numa de ascendência e descendência, veja-se a colorida Nicki Minaj... Quase faz lembrar alguém, não acham?

3 comentários:

Pulha Garcia disse...

A Gaga é uma idiota, gerada pela indústria para massas de jovens sem maturidade musical. Todas as gerações têm Gagas, mas a nossa geração pelos vistos permitiu que as suas Gagas crescessem mais do que as anteriores. Reconheço-lhe zero qualidade musical ou mesmo de apresentação. Mencionar Mercury ou mesmo Bowie na mesma frase choca-me.

Helder Rodrigues disse...

não recomeçaste bem com o teu blog! :D
não concordo muito com o que dizes, porque vejo apenas um produto da industria musical. Se queres dar mérito e se queres admirar, penso que será a toda a equipa, da gestão ao guarda roupa, ao marketing, etc... Penso também que ela não está no top assim há tanto tempo. Estará a menos tempo, ainda, do que foi o boom de britneys, spice girls, backsteer boys, etc etc etc
Quando o "backoffice" falhar, ela cairá como todos os outros...

delarocha disse...

Quando falo nela, falo no que ela representa, seja trabalho dela ou da sua equipa. Musicalmente, deixei bem frisado que não a admiro, admiro sim o trabalho feito com a sua carreira, e nesse sentido todo este texto é nada mais que uma análise ao fenómeno, que se esforça por dissecar as razões do seu sucesso. Que o tem, efectivamente, queiram ou não queiram.

@Pulha, tenho que reconhecer que são três nomes que não combinam, mas está relativizado, apenas comparamos aqui o 'glam', o choque que causam. Nunca as qualidades artísticas ou sequer humanas...