sábado, 25 de abril de 2009

Liberdade


Hoje é dia da Liberdade. É dia de Portugal, como o conhecemos hoje em dia, o Portugal dos papagaios, dos tagarelas e dos 'incaláveis' senhores da razão. Dos assaltos na margem Sul e no Norte, dos inimputáveis crimes violentos e da prepotência de gangs de seguranças e de adolescentes. Há que lembrar, senhores, nada disto seria possível há uns 35 anos atrás, antes da entrada em campo da mais corajosa e pacífica revolução de que há memória. Mas quererá isso dizer o quê, exactamente? Que 'dantes é que era'?

Não. Pelo menos recuso-me a acreditar que seria melhor viver como viveram os meus pais e avós na era do Estado Novo. Que seria dos papagaios?Que seria da liberdade de dizer mal deste ou daquele, falar mal do Primeiro Ministro no elevador só para meter conversa? Que seria do Rui Santos, do Miguel Sousa Tavares ou ainda do Louçã, silenciados?
Não vivi o regime. Estava eu ainda a 14 anos de distância do end of the road...Ainda os meus pais brincavam na rua, de pé rapado e cara suja. Viram a revolução, viram-na pela lente da sua inocência. Mas ainda assim, sabiam que algo de bom estava para acontecer, diziam que era a queda de Salazar... Mas seria realmente possível? A queda da figura máxima, cujo nome endurece os ossos e congela os nervos só de ser pronunciado? Seria realmente o final da prepotência da polícia, esses que davam cargas de porrada nas crianças e nos pais só porque sim? Ouvia-se dizer que era o fim da PIDE... Queria isso dizer o quê, exactamente? 'Liberdade? Mas o que vai mudar?'

Mudou. Tudo mudou. Para melhor ou pior, somos hoje um povo livre e desoprimido, que pode dar-se ao luxo de não tremer quando tem que olhar um polícia de frente e que não tem que ouvir às escondidas a rádio que gosta de ouvir. Que não tem que obedecer a religião alguma só porque sim. Que não tem que comer e calar, que não tem que engolir o que acha ou deixa de achar. E isso, amigos, é a melhor coisa que podemos ter, a LIBERDADE. O direito de ser quem somos, de achar o que achamos.

Portanto, obrigado Capitães de Abril. Obrigado Zeca. Obrigado pela nossa LIBERDADE, obrigado pela coragem e bravura que vos levantou perante a bandeira. E lembrem-se aqueles que ousadamente invocam o Regime como solução, como salvação divina para os problemas da sociedade, do Estado e da propalada 'crise'. Lembrem-se de como foi! Ou imaginem-se então fechados em gaiolas, com uma mordaça no bico...

7 comentários:

ana disse...

Que seria de minha pessoa sem o corte e costura!LOL

delarocha disse...

Tinhas que escrever um diário super-secreto :)

delarocha disse...

Grande música, essa sim a verdadeira arma contra o Regime, embora tenha sido a Grândola Vila Morena a eternamente associada, por motivos conhecidos.

pROFETAh disse...

vejam só como é que este país andava a 35 anos atrás, já ouvi tantas historias desses tempos passados através do meu pai,

sem a coca cola..

isqueiros(do que ouvi falar né)

eu nesse tempo.. hmmm lol.. penso que seria logo enviado para ser enforcado l0ol..

as vezes tomamos como garantidos muitas dos privilégios que temos hoje em dia.. uma das principais "freedom of speach" & democracy

Daniel Moutinho disse...

Belo discurso Tiago!

Che disse...

Grande texto sim srª!!
Esses gajos da PIDE era ver quem ainda é vivo e fuder-lhe o focinho todo.. só por diversão!!
Os gajos do governos era experimentar tacos de vassoura no ânus deles!!
Mas pronto.. isto são só ideias de um gajo que não viveu nessa altura, mas sabe de histórias de pessoas que passaram por essas "aventuras" dificeis com essa "puta" de polícia política.

Arder com esses bois todos!!!

Fodaçe que este post irritou-me!
lol

delarocha disse...

Obviamente eu também não vivi, mas conheço como vocês as histórias pela boca de quem viveu, e as coisas eram tudo menos fáceis...Calmeirões de 1,90m levavam e calavam de matraquilhos de 1,60m, porque uns tinham poder e os outros...Não.

Agora que falas nisso, eu próprio conheci (de vista) um ex-PIDE, que por acaso até era um dos mais temidos, um autêntico animal. E olha que já morreu...Mas de velhice.