sexta-feira, 20 de março de 2009

Crise...Mas nem tanto.


É a crise. Parece que a crise chega a toda a gente...Está mau para todos. Pois, é mentira.

A crise só chega a alguns; outros limitam-se a tirar proveito da mesma, essa é que é a verdade. Se a crise é negra para quem perde o emprego, é proveitosa para quem o mantém. Um português que mantenha o seu emprego, só tem a ganhar com a crise: ele é casa mais barata, ele é carros mais baratos, ele é aproveitar aqui e ali a desgraça do vizinho...É que o dinheiro é o mesmo, e tudo o resto fica mais barato, logo o seu poder de compra sobe. Mas mesmo assim, esse português queixa-se e lamuria-se da crise, que não sabe o que há de fazer da vida, etc etc. É português, e está tudo dito.

Isto para não falar a nível empresarial: aí então é o descalabro. Subitamente, a crise serve de escudo para tudo: para não pagar a funcionários, para despedi-los mesmo tendo lucro no exercício, para não pagar as dívidas, enfim. Um circo. Mas atenção, não tenciono (louco seria) duvidar que a crise chega a muitas empresas, em escalas diferentes, ainda assim; mas também não sou parco de todo ao afirmar que há por aí muita boa gente a usar o escudo "crise" para encher o seu bolsito particular e ainda para endireitar alguns erros de gestão anteriores...É fácil,"é a crise", afinal.

Portanto, o conceito de crise é relativo. Se para uns é sinónimo de desespero, para outros é sinónimo de cobardia e mesquinhez, para outros é sinal de galinha dos ovos de ouro: e falo nomeada e exactamente dos media. É que a atenção do consumidor à notícia é directamente proporcional ao grau em que a mesma o atinge. Ou seja, se o consumidor não gostar de futebol, pouco ou nada se importará com a abertura do telejornal a falar do Benfica, correcto?Mas há uma coisa que não haverá um único que não pare imediatamente a olhar para o ecran ou a ouvir o rádio: dinheiro. O seu dinheiro. O que nos remete para "a crise" - e que mais lhe chamará a atenção na TV, do que novidades acerca do se dinheiro?Pois é, nada. E os media sabem isso, portanto para eles a crise é senão uma galinha dos ovos de ouro, já que lhes garante sempre a atenção do espectador, pelo menos do seu subconsciente. E por isto mesmo é que ouvimos a toda a hora a falar da (passe a expressão) merda da crise na TV, muitas das vezes nem parando para pensar se realmente há crise ou se nem há crise, limitando-nos a chegar ao café e debitar em catadupa todas as frases e expressões feitas que nos são ditadas rotineiramente, tais como "retoma", "abrandamento", e.... "CRISE". Parem lá, por favor.

4 comentários:

Luís Ferreira disse...

Concordo. Isso da crise... quem não perdeu os seus empregos não vive mal, não senhor.

E que há muita empresa a aproveitar-se da 'onda' também é verdade. Afinal estamos em Portugal.

Daniel Moutinho disse...

Como diz um grande amigo meu: "A crise é como a merda, quanto mais se mexe, pior cheira!"

Grande texto!

Jorge Tavares disse...

As coisas não funcionam tão linearmente assim quem não perde o emprego, pode perder o bónus salarial, pode sofrer uma redução salarial, perde as horas extras de trabalho que as empresas ja não precisam as Legais e as Ilegais.
Podem ser mandados para casa durante uma semana porque não á necessidade de produzir.
As grandes empresas tiveram claramente grandes perdas nos lucros finais menos dividendos para distribuir.
As acções na bolsa da maior parte das empresas tiveram grandes quedas. Agora quem estiver imune a estas e a outras formas existentes de ser afectado pela crise com certeza esta a "Viver melhor". Mas a crise como todos sabemos é um ciclo vicioso que so termina quando se dá inicio a "uma nova mentalidade". E neste momento os media so falam em crise ate o mais simples cidadão que viva da agricultura que tenho uma televisão em casa sabe que o "mundo esta em Crise".

Parabéns pelo blog

E coisas que custam a perceber não acontecem so em Portugal:
http://sic.aeiou.pt/online/noticias/dinheiro/Obama+contra+pagamentos+AIG.htm

Afinal estamos no mundo e esta tudo dito. :)

delarocha disse...

Bem-vindo, Jorge :)


Quando me refiro a não perder o emprego, obviamente que me direcciono a quem não sente o efeito da crise no emprego. Não a excepções, essas existem sempre.

Não percebi aí quando falas em dividendos...O que é que o empregado tem a ver com os dividendos?A não ser que tenha participações de capital, mas aí já não é um mero empregadito... :)